As novas recomendações sobre riscos financeiros relacionados ao clima do BIS

Consulta pública do BIS prevê a padronização de dados divulgados sobre os riscos financeiros relacionados ao clima para manter a estabilidade do setor.
As novas recomendações sobre riscos financeiros relacionados ao clima do BIS
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Amanda Stelitano
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Os esforços contínuos do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para abordar os riscos financeiros relacionados ao clima dentro do sistema bancário global destacam seu compromisso em fortalecer a estabilidade financeira e promover as finanças verdes em todo o mundo. Mais recentemente, o BIS, por meio do Comitê de Basileia para Supervisão Bancária, abriu uma consulta pública para explorar as possibilidades de implementação de um arcabouço de divulgação do Pilar 3 adaptado aos riscos financeiros relacionados ao clima, com o objetivo de complementar os padrões existentes e promover consistência e comparabilidade entre os bancos internacionalmente ativos.

O Comitê de Basileia e as recomendações para o sistema financeiro verde

O Comitê de Basileia para Supervisão Bancária (BCBS) desempenha um papel fundamental no cenário internacional, promovendo a estabilidade financeira por meio da formulação de recomendações pautadas em três pilares: regulação, supervisão e divulgação. Reconhecendo os riscos financeiros relacionados ao clima como um dos grandes desafios do sistema financeiro atual, o Comitê vem fomentando iniciativas para solucionar as lacunas ainda presentes nas estruturas dos mercados financeiros internacionais que possam aumentar a exposição à instabilidade da crise climática e fortalecer os gargalos para a transição para um sistema financeiro verde.

Dessa forma, a proposta de atualização do Pilar 3, para incluir uma estrutura de divulgação comum para os riscos financeiros relacionados ao clima, é um marco importante para o futuro desse mercado. Esse pilar é a terceira parte da tríade de recomendações e pilares instituídos pelo Comitê de Basileia para os Bancos Centrais globais e suas instituições financeiras, sendo este responsável por garantir a disciplina de mercado via imposição de requisitos de divulgação ampla de informações relacionadas aos riscos assumidos pelas instituições.

A expectativa é que a aprovação das novas recomendações permita, além de maior transparência e confiança no mercado financeiro verde, que a padronização de dados e informações abra caminhos para maior interoperabilidade entre as jurisdições globais.

A expectativa é que a aprovação das novas recomendações permita, além de maior transparência e confiança no mercado financeiro verde, que a padronização de dados e informações abra caminhos para maior interoperabilidade entre as jurisdições globais. Com um menor esforço em compatibilizar divulgações entre diferentes países e sistemas financeiros nacionais com suas próprias regras e padrões, espera-se que operações transfronteiriças relacionadas a produtos e instrumentos do mercado verde sejam mais comuns, impulsionando o crescimento de valor entre diferentes stakeholders globais.

Padronização da divulgação de riscos financeiros relacionados ao clima: o grande desafio

Não é novidade que a falta de dados precisos e claros nas divulgações financeiras relacionadas ao clima é um dos principais gargalos para a evolução de um mercado verde. Por isso, o posicionamento favorável a solucionar esse problema vindo do BIS – o Banco Central dos Bancos Centrais, como é chamado – tem um peso e expectativa tão grande para as partes envolvidas. 

Ao fornecer informações significativas e padronizadas, o Pilar 3 permitiria que os interessados avaliassem de forma mais eficaz a exposição dos bancos aos riscos financeiros relacionados ao clima e melhorassem sua gestão de risco e o valor de suas carteiras de produtos alinhados à sustentabilidade. Além disso, a harmonização dos requisitos de divulgação com arcabouços globais já em atividade, como os estabelecidos pelo Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB) que também é coordenado pelo BIS, reforça a ideia da cooperação internacional e colaborativa para fortalecer as infraestruturas de mercado frente a instabilidades físicas, de transição e reputação que estejam associadas às mudanças climáticas.

Assim, o Comitê de Basileia utiliza seu papel de influência e de consulta para avaliar o feedback das partes interessadas sobre o arcabouço de divulgação proposto. O prazo final está previsto para meados de março de 2024 e, a partir disso, o BIS deve formular novas orientações e recomendações sobre o tema.

 

Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em Economia Política Internacional pela UFRJ.

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