Fintechs e Open Banking: como as startups financeiras podem sair beneficiadas

A reciprocidade no compartilhamento dos dados entre as instituições participantes tende a ser uma grande aliada para as fintechs ganharem cada vez mais mercado, apontam os especialistas.
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Equipe Propague
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O avanço tecnológico e o advento de soluções disruptivas pavimentaram o caminho para a digitalização dos serviços financeiros. Nesse contexto, as fintechs são as grandes protagonistas, oferecendo esses serviços totalmente digitais, inovadores, a baixo custo e que têm a tecnologia como base. Juntamente com elas, a era da transformação digital também trouxe para o Brasil o open banking, sistema que consiste no compartilhamento de dados entre as instituições financeiras participantes a fim de ofertar produtos e serviços inovadores com melhor custo-benefício para o consumidor. Com a implantação dessa plataforma, o que esperar, então, da relação fintechs e open banking? Como essas startups podem se beneficiar da nova realidade do mercado?

Diferentemente dos bancos, as fintechs, por enquanto, ainda não estão obrigadas a aderir ao open banking, embora algumas tenham se adiantado e espontaneamente já se juntaram à fase dois do projeto. Nessa etapa, quem aderiu começou a padronizar os sistemas a fim de que possa vir a trocar informações que permitam que os clientes compartilhem seus históricos e comparem produtos e serviços entre elas, o que deve se concretizar nas fases três e quatro do open banking.

E essa reciprocidade é justamente o combustível que faltava para as fintechs ganharem ainda mais mercado, chamando a atenção da clientela que continua fiel aos bancos tradicionais, destacam os especialistas. O que eles querem dizer com isso? Bem, embora quem aderir tenha que compartilhar os dados de sua base de clientes, desde que estes deem o seu consentimento, também terá o direito de receber os dados da concorrência. Esse acesso possibilitará, por exemplo, o oferecimento de taxas personalizadas para cada cliente ou até mesmo produtos desenhados de acordo com as necessidades individuais. Assim, a corrida pela atenção do consumidor, que cada vez mais espera ser surpreendido com melhores experiências em serviços financeiros, se acirra.

Em outras palavras, de um lado os bancos tradicionais têm como trunfo um portfólio considerável de produtos, mas precisam dar mais atenção à experiência do cliente. Para isso, ainda sofrem tecnologicamente a fim de dar respostas às exigências do open banking. Por outro lado, as fintechs, que já nasceram com foco na experiência do consumidor, precisarão incrementar a sua oferta de produtos e serviços. Desse modo, explicam os especialistas, com acesso aos dados da concorrência, ficará mais fácil para as startups de serviços financeiros competirem na criação de soluções mais baratas e com mais benefícios, tendo como grande aliada a tecnologia e as aplicações disruptivas que já são parte do seu DNA.

Portanto, afirmam os estudiosos, temos aí um campo fértil na relação fintechs e open banking para que haja ainda mais inovação e o surgimento de novos modelos de negócios de olho na satisfação e na atração de novos clientes.

Os ganhos das fintechs com o open banking

Na esteira de oportunidades e, consequentemente, dos ganhos que a implementação do open banking traz para as fintechs, é unanimidade entre os especialistas em tecnologia e finanças que, com o propósito de usufruir dos benefícios desse novo sistema bancário, muitas delas deverão fazer adaptações nos produtos e serviços que já oferecem. Analogamente, afirmam, novas empresas deverão surgir a fim de atuarem na área de middle service. Em outras palavras, fazendo o meio de campo entre bancos, financeiras e as outras fintechs, integrando, assim, essas instituições e proporcionando, dessa forma, melhores experiências e custo-benefício esperados para o consumidor.

Há quem aposte que esse é apenas o início de uma transformação profunda no sistema financeiro da forma como hoje o conhecemos, de modo que, daqui a cinco anos, a atual configuração não existirá mais, abrindo espaço para algo completamente novo e diferente do que se conhece.

E, entre as maiores oportunidades de inovação em serviços financeiros, se encontram os segmentos de crédito, meios de pagamento, investimentos, gestão financeira, seguros, câmbio, na criação de comparadores de produtos e serviços financeiros e no aconselhamento financeiro.

Nesse sentido, abre-se espaço para a oferta de plataformas tecnológicas voltadas para esses segmentos, com fortes componentes de integração e tratamento de grandes volumes de dados. Tudo com o intuito de gerar produtos mais competitivos e que agreguem maior valor ao cliente.

Número de fintechs avança no país

Segundo a última edição do Radar FintechLab (dados de 2020), hub para conexão e fomento do ecossistema de fintechs no Brasil, quase 800 startups financeiras estão em atividade no país, aproximadamente 28% acima do contabilizado no relatório prévio. De acordo com o cofundador da entidade, Fábio Gonsalez, 270 delas, ou seja, cerca de 35%, não existiam no ano anterior. Portanto, avalia, “esse crescimento atesta mais uma vez que o ecossistema continua identificando oportunidades para melhorar os serviços e criar soluções, provavelmente, influenciadas pelo open banking e o PIX”.

Já quando se observa individualmente as modalidades de fintechs, o Radar FintechLab aponta que o segmento de pagamentos segue na liderança do ecossistema das startup financeiras no Brasil. Ele reúne, atualmente, 190 empresas, 39 a mais do que a versão anterior (151). Já as fintechs voltadas para a gestão financeira aparecem na segunda colocação, com 122 unidades, ultrapassando as startups dedicadas a empréstimos (114), que estão, agora, na terceira posição no ranking.

Para Marcelo Bradaschia, que também é cofundador do FintechLab, esse aumento considerável no número de fintechs é claramente um sinal de fortalecimento de uma segunda onda de startups financeiras, as quais nascem com o intuito de se adaptar ao novo ambiente de negócios que chega com o open banking. “Com o open banking, as autoridades regulatórias estão possibilitando uma maior colaboração entre os bancos tradicionais e as fintechs. Esse cenário permite, por assim dizer, construir modelos de negócios inovadores e representa oportunidades que certamente propiciarão o surgimento de cada vez mais fintechs a fim de aproveitá-las”.

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